Pesquisas atestam que integração com o verde pode reduzir estresse, pressão sanguínea e infecções.
Um dos primeiros a demostrar que a natureza faz bem foi Roger Ulrich, em 1984, ao comparar pacientes em quartos com janelas voltadas para árvores com aqueles cujos quartos ofereciam vista para uma parede de tijolos, em um hospital na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Seus resultados demonstraram que pacientes com acesso ao verde saíram mais cedo do hospital, tomaram analgésicos mais fracos ou em menos quantidade, tinham menos comentários críticos sobre a enfermagem e menor número de pequenas complicações pós-cirúrgicas. Depois, outros estudos testaram objetos coloridos, porém inanimados, no lugar de plantas, e verificaram que as plantas ofereciam benefícios ligeiramente maiores.
A partir da pesquisa de Ulrich, citada em numerosos trabalhos, muitos passaram a defender a construção de mais áreas verdes em hospitais e até mesmo o contato com a natureza como uma forma de medicina preventiva. Com o tempo, surgiram análises também em escritórios, escolas e apartamentos, tanto sobre o uso da natureza no interior quanto ao ar livre.
Para os citadinos com dificuldades de encontrar espaços verdes, portanto, haveria alternativa: basta povoar varandas, mesas e paredes com belas flores e arbustos para sentir a diferença. Vale dizer que boa parte dos cariocas não tem muita desculpa. No ano passado, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente mostrou: o Rio ostenta uma média de 55,83 m² de área remanescente da Mata Atlântica por habitante, número bem superior aos 12 m² mínimos recomendados pela Organização Mundial da Saúde.
Pesquisas de Miyazaki, da Universidade de Chiba, trazem números interessantes sobre a influência de caminhar em ambientes naturais. Depois do segundo dia de andanças numa floresta local, um determinado tipo de glóbulos brancos, as células de defesa do organismo, teve um aumento de 56% nos indivíduos acompanhados. Uma quantidade 23% maior das células em relação ao estado original foi mantida durante um mês após a caminhada e o retorno à vida urbana. Para os pesquisadores, este foi um sinal claro de como a natureza pode contribuir para a medicina preventiva.
Para eliminar dúvidas, os pesquisadores compararam os efeitos de caminhadas em ambientes urbanos e naturais, usando os mesmos indivíduos. Além dos glóbulos brancos, foram analisados a quantidade de cortisol (um indicador de estresse), pressão sanguínea e batimentos cardíacos. Notaram uma diminuição de 16% no cortisol, de 4% para batimentos cardíacos, de 2% para a pressão arterial, entre outros efeitos.
Há também estudos que demonstram os benefícios de se viver perto da natureza. Em uma pesquisa que acompanhou 350 mil pessoas, a pesquisadora Jolanda Maas, do Centro Médico Universitário de Amsterdã, concluiu que, quando 90% da área ao redor da residência é de verde, 10,2% dos moradores não se sentem saudáveis. Já quando 10% da área ao redor é de natureza, 15,5% relatam problemas de saúde. Mas encontrou maior prevalência de 15 entre 24 doenças selecionadas em pessoas que vivem mais longe de áreas verdes. Inclusive mentais: pessoas que vivem próximas da natureza teriam 21% menos chances de desenvolver depressão.
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