Gafanhotos que assustam o mundo
Os especialistas temem que a mudança climática faça os insetos agirem de maneira mais destrutiva e imprevisível. Já existem evidências de que o aumento da temperatura terá um efeito direto sobre o metabolismo dos insetos.
Um estudo de 2018 publicado por cientistas americanos na revista Science mostrou que o clima mais quente os torna mais ativos e mais propensos a se reproduzir.
Isso também torna as criaturas geralmente mais famintas. Um gafanhoto adulto do deserto é capaz de comer o equivalente a seu próprio peso corporal em um dia.
Os pesquisadores estimaram que os danos globais causados por pragas de insetos a trigo, arroz e milho podem aumentar de 10% a 25% por grau Celsius de aquecimento. O impacto desse dano pode ocorrer em regiões de clima temperado, onde a maioria dos grãos é produzida.
"Com exceção dos trópicos, temperaturas mais altas aumentam as taxas reprodutivas de insetos. Você tem mais insetos e eles comem mais", escreveu Curtis Deutsch, um dos autores do estudo de 2018. Embora os gafanhotos não sejam a única espécie a devorar culturas, eles são os mais monitorados por autoridades nacionais e internacionais, graças ao seu potencial destrutivo. Temperaturas mais altas também podem permitir que os insetos voem mais alto e ultrapassem barreiras naturais como montanhas, abrindo novas rotas de migração, especialmente se os padrões de vento mudarem conforme os gafanhotos são transportados.
"Em geral, espera-se que surtos de gafanhotos se tornem mais frequentes e severos sob a mudança climática", diz Arianne Cease, diretora da Global Locust Initiative na Arizona State University, nos Estados Unidos.
As regiões agrícolas de subsistência são as mais vulneráveis à devastação causada por enxames de gafanhotos.