Em Itacaranha, região do subúrbio, a água do mar tranquilo esconde uma lama escura e com odor forte. No local, os peixes estão desaparecendo e no lugar da vida marinha, há muito lixo.
O esgoto deságua na praia de Itacaranha por duas tubulações. Por causa do mau cheiro e do risco de doenças, pouca gente se aventura a tomar banho de mar e a pescar. No verão, o volume de água diminui, mas o esgoto que escoa pelo canal é suficiente para formar uma enorme poça de água poluída. Quando chove, moradores relatam que uma enxurrada de lama suja cai no mar.
Além de afetar a natureza, a poluição da praia de Itacaranha também dá prejuízo para os moradores. Poucos bares e restaurantes que funcionavam na orla resistiram à queda do movimento.
Já no bairro do Costa Azul, outro ponto da orla de Salvador, o canal onde antes era a foz do Rio Camarajipe virou um esgoto a céu aberto. Uma água preta e de mau cheiro fica acumulada no local e espanta os visitantes.
Toda a água escura e poluída do canal do Costa Azul deságua no mar. Ela percorre toda a areia e se mistura às ondas, poluindo não apenas a água da praia do Costa Azul, como as vizinhas que são Pituba e Jardim de Alah.
"As pessoas que frequentam essa praia podem pegar alguma doença infecto-contagiosa. Uma coisa que nos preocupa bastante é o grau de contaminação da vida aquática nessas áreas. Infelizmente, esse rio já é morto, praticamente não tem vida aquática. Então, o meio ambiente aí [no rio] já está assassinado há algum tempo", diz Eduardo Topázio, coordenador de monitoramento do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema).
Em nota, a Secretaria Municipal de Manutenção (Seman) disse que faz periodicamente a limpeza dos canais e córregos de Salvador e que orienta as comunidades próximas a esses locais para que o lixo não seja descartado nas redes de drenagens e esgoto.
Sobre o esgoto que é despejado no mar pelo canal do parque do Costa Azul, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) disse que existe rede coletora de esgoto na área da bacia do Rio Camarajipe e que, segundo a lei municipal, é de responsabilidade do morador, pedir à Embasa a ligação da rede de esgoto desses imóveis. A Empresa disse ainda que desvia o esgoto clandestino desses imóveis até o emissário submarino no bairro do Rio Vermelho, mas que quando chove, por causa do volume de água, não é possível realizar esse serviço.
Sobre a situação da praia de Itacaranha, a empresa disse que mantém três estações de tratamento de esgoto no local. E que as possíveis poças de esgoto na praia são causadas pelo acúmulo de lixo que é descartado de forma irregular pelos próprios moradores.